Tegucigalpa

À alguns anos tive o prazer de conhecer Veneza. Estive apenas 2 dias, mas foram maravilhosos. Ficamos em casa do nosso amigo Giulio, aliás na casa do seu pai que estava fora nesse fds. Tivemos a oportunidade de passear no mercado e comprar um peixe fresco, cozinhá-lo, e ao final da tarde beber uma bebida no terraço dos vizinhos, pais de 3 crianças, e finalizarmos com um concerto de música clássica, com as duas filhas mais crescidas, porque a de colo ainda é muito novinha… Ver as miúdas a comportarem-se nos 30 minutos de concerto e em seguida rodopiarem pelas ruas, onde as pontes são os principais protagonistas….
Se teria gostado tanto de Veneza, mesmo sem todos estes momentos, talvez??, não sei!!… Agora, tenho a certeza que Tegucigalpa teria sido muito distinta senão tivéssemos conhecido o Marlon… O Marlon é um couchsurfer, que nos recebeu por 6 dias e em quem confiámos metade da nossa bagagem, porque vamos regressar…

3ª feira
O Marlon indicou-nos a morada e disse-nos para lhe avisar quando chegássemos. Chegámos, era já noite escura e o receio da cidade estava entranhado em nós.
Nos primeiros momentos que começámos a reconhecer cidade vs os arredores não nos pareceu muito perigosa. Na altura mencionamos mesmo isso e pelo que víamos tínhamos confiança que poderíamos andar calmamente pelas suas ruas. No entanto, o autocarro demorou a parar e quando o fez estávamos num ambiente totalmente distinto. As ruas largas com diferentes marcas americanas, deram lugar a casas de cimento por acabar, muitas grades nas portas, vendedores ambulantes e táxis a uma velocidade alucinante. Tomámos o primeiro que parou e seguimos para o local que nos tinha indicado. Quando chegámos, o Marlon demorou a atender o telefone e carregados de malas, não sabíamos onde nos colocar. Seguimos para onde vimos uma luz e algumas pessoas. Reparei que tinha um segurança e as pessoas estavam bem vestidas (aqui não seremos assaltados pensei), deixei cair as malas que carregava e o Thi também. Quando acalmámos percebi que estávamos à porta de um velório. Cruzamos olhares, mas não nos mexemos, apesar de toda a gente se perguntar quem seríamos…

Finalmente o nosso anfitrião chegou e dirigimo-nos a sua casa. A receber-nos uma casa cheia com as suas amigas. Tive dificuldade em decorar nomes ou caras e a certa altura quase que me apresentava de novo a alguém que já tinha conhecido… O Marlon perguntou-nos se queríamos ir a um festival de artes, o qual aceitei de imediato… Não tivemos tempo para nos trocar, várias horas num autocarro precederam aquele momento e não podia dizer que me sentisse muito bem vestida ou cheirosa, não pensei que demorássemos muito, mas arrependi-me, pelo menos de não ter tomado banho… quando chegámos a casa passavam das 7 horas da manhã, pelo caminho: um centro de artes (uma galeria de verdade, na qual me apaixonei pelas fotos mais conhecidas retocadas e alteradas para lugares de Tegucigalpa), um bar (o bar da árvore de mangas, foi assim que o conheci, assim como à maioria das pessoas que antes estavam no centro de artes, este deve ser o bar in, com uma vista deslumbrante pela cidade), uma disco (bem a esta hora só queria mesmo dançar, e ouvir os últimos sons, encaixou na perfeição), por último acabamos na casa de uma amiga, depois de um hambúrguer na estação de serviço….
Depois de tanto aviso para não sair à noite, acho que nos superamos, sem mencionar que tenho a carta suspensa (em Portugal), mas não resisti a conduzir um carro nas ruas de Tegucigalpa, com mudanças automáticas, o qual me explicaram tipo: “não sabes tens de colocar no D, de drive” … ”ok, aprendo, mas com calma, onde é a primeira!??!?!?”….

4ª feira
Queria acordar cedo para visitar a cidade, mas não preciso dizer que apenas por volta das 13h saímos da cama. Caminhámos pela cidade, visitámos a igreja das Dolores,

 
 

para mim a igreja mais bonita, tendo presente que a catedral é bastante básica… Na praça da catedral, o que me chamou mais a atenção foi a quantidade de pessoas que simplesmente estão sentadas nos bancos…que fazem??? Não faço ideia…


Chegámos a casa, depois de passarmos pelo supermercado. O Thiago vai preparar a ceia e enquanto isso, a pergunta que salta: “onde vamos esta noite?” … fomos novamente sair, desta feita um bar novo (que estava um pouco vazio) e depois para a disco :D

5ª feira
Como a noite foi mais calma, conseguimos levantar-nos à mesma hora do dia anterior. Nova incursão no centro da cidade. Conseguimos ver 1 museu e o teatro. No museu tivemos acesso a uma exposição temporária de retratos imaginários de Picasso e à exposição permanente. 


Estávamos no museu de identidade nacional. Além da história da evolução do país, tivemos acesso a uma viagem virtual às ruínas de Copan, que será um destino próximo :D

Quando nos deslocámos ao teatro, não pensei que tivéssemos a sorte de o poder visitar no seu interior, mas felizmente podemos….


Sem nos pedir nada em troca, o “guarda” passeou-nos e mostrou-nos o teatro… e indicou algumas das peças que por lá passaram… mencionou ainda que mesmo à porta temos o centro das Honduras, ou da América central, não percebi mt bem, mas tem o marco e tirei a habitual foto, tenho de pesquisar com mais tempo no Google…


“E hoje iremos sair à noite?...Claro!!” , fomos a um bar onde o namorado de uma nova amiga tem uma exposição de desenhos. Foi-me apresentado como o melhor diburrante Hondurenho, respondi com “uma comum portuguesa!!!”…. Depois seguimos a um dos bar mais badalados : Habia uma vez!! Pois, as noites anteriores já dão os seus frutos e já reconhecemos algumas das pessoas. Engraçado chegar a um lugar e começar a dizer: “olá, como vais?”

6ª feira
O Thiago ficou doente, com a garganta inflamada e não nos acompanhou para mais uma incursão ao centro. Vimos a Galeria de Arte Nacional, 


onde descobri um artista Hondurenho que me cativou (Matute),


depois seguimos ao museu do Homem, só tinha um pequeno salão, mas gostei do quadro que representava o Lempira….


Conheci ainda o café/centro de exposição para as “mulheres nas artes”. Esta cidade, como muito a chamam Tegus, é um local boémio, com pequenos nichos culturais que tive o prazer de conhecer … depois de mais de 6 meses afastada de cultura/arte, foi muito agradável :D
Passeamos ainda por um dos mercados locais, cheio de cor e com uma água de coco a refrescar…


Choque: trabalho infantil… este pequenote com o seu cartão de identificação reconhecido, carrega as compras da sra, normalmente, sem ninguém dizer nada, afinal é normal… seguiu e pedi uma foto, acho que não podia ter feito uma melhor expressão….


À noite… bem esta noite tem uma história engraçada… Fomos a uma disco que me indicaram que fechava às 4h… mas não foi verdade, tudo em Tegus fecha às 2h, por vezes ficam um pouco mais de tempo, mas só se a polícia não passar à porta… Aqui passou e fechou, seguimos para a casa de uma amiga de Marlon, erámos quase 10 pessoas e queríamos uma cerveja para acompanhar a conversa… O Thiago foi à estação de serviço, mas não podem vender depois das 2h!! As arcas estavam trancadas à chave… nada sairia dali, foi então que tivemos de recorrer ao mercado negro… É aqui que as diferenças se fazem notar, pela primeira vez comprei algo no mercado negro e foi cerveja!!!! Às 2h da manhã!!!! Numa cave bem escura, num lugar distinto, que certamente não conseguiria regressar, o Thiago conseguiu encontrar 4 packs de cerveja….a um preço exurbitante!!!!

Sábado
Passamos o dia a dormir… não há nada que me faça levantar da cama e o cansaço acumulado leva vantagem… No entanto à noite, fomos sair claro :D Visitamos a disco mais IN, onde reparava que na casa de banho, era a única que não continha 10 cm a prolongar as pernas :S depois era também a única que não estava ao tlm… aqui como na Nicarágua, o vício pelos novos aparelhos electrónicos é enorme…pareceu-me que a festa era mesmo noutro lugar… virtual!!!
Terminámos numa busca, sem sucesso, por algo aberto após as 2h e seguimos para a casa de uns espanhóis que conhecemos… A festa terminou quando a luz se foi, já na noite anterior tinha faltado, para nós já nem reparamos, é normal!!! Dentro do pátio, aguardamos que nos chamassem um táxi. Sai no portão para olhar a rua e rapidamente fui repreendida, “tens de esperar lá dentro, és doida? Isto é muito perigoso!!” sendo de Lisboa, não poder sair a rua para tomar um táxi já estranho, ter de esperar dentro das grades do portão mais ainda…. Buzinou o veículo, um monovolume novo, sem qualquer indicação de transporte de passageiros, levou-nos de regresso a casa, onde dormimos todo o domingo….

Mas, Tegus: regressaremos!!!

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