Choluteca

Hoje acordamos para dar os últimos passos na Terra de Sandino e mudar de país após mais de 6 meses pela Nicarágua. Como serão as Honduras?, quais as principais diferenças? Será que as vamos sentir? Será que apenas muda, e pouco, a bandeira? Todas estas questões percorrem os meus pensamentos, num país que iremos ser muito mais turistas, será que nos vamos apaixonar e viver como em Léon?..

Às 5h saímos de Léon, num autocarro directo até à fronteira. Dormimos quase todo o caminho e apenas por alguns minutos consegui ler um pouco sobre as Honduras. Andei a adiar esta leitura, apesar de bastante curiosa, finalmente encontrei o momento para me debruçar um pouco mais sobre a sua história. Descobri a origem do dinheiro, a Lempira, provém de um indígena que lutou heroicamente contra a invasão Espanhola, que além da moeda também tem um estado em seu nome.

Deveríamos ter seguido directamente para Tegucigalpa, a actual capital. No entanto, todos nos indicam que é bastante perigosa, aliás dois dos nossos amigos Nicas explicaram-nos desta forma: “..na Nicarágua roubam-vos, nas Honduras podem-vos matar!!” Uauh!! Que bela maneira para nos apresentarem um país.
Discutimos depois o assunto com alguns amigos que estão no Quetzaltrekkers e que anteriormente cruzaram as Honduras. Ambos foram unânimes em indicar que é perigoso, mas que nada lhes aconteceu, “..é tudo uma questão de sorte”, eu acredito que seja!! No entanto é melhor não arriscar. Decidimos fazer couchsurfing para disfrutar a capital e desta forma termos um relato mais presente, de quem vive e respira o próprio país. Como o nosso anfitrião apenas nos poderá receber amanhã, decidimos parar em Choluteca para a primeira noite.

Uma das curiosidades que ainda tenho é conhecer o Golfo de Fonseca. Caso tivesse realizado a caminhada a Consiguina com o QT (Quetzaltrekkers), teria subido a este vulcão, donde se pode admirar os 3 países. Como acabei por não realizar esta caminhada, aproveitando que estávamos em Choluteca, seguimos até à vila mais próxima do Golfo e de onde podemos observar, Nicarágua de um lado, El Salvador do outro e Honduras, mesmo ali…

Nicarágua
El Salvador

É bastante interessante esta sensação, mas fiquei bem mais fascinada com a própria vila. Esta vila é uma típica vila de pescadores, onde as redes e o peixe se encontram em todo o lado.
No entanto, quando chegámos, ainda antes de poder ver algum peixe, a primeira coisa que reparei foi na intensa campanha que a Pepsi faz por estas terras, com algumas respostas da sua concorrente, mas sem a mesma intensidade. De alguma forma, o azul espalha-se bastante, sendo a entrada para as praias, um dos pontos principais. Foi num desses restaurantes que almoçamos.

 
 
 
 

Não podia comer nada mais, senão peixe!! Tenho uma saudade enorme de sardinhas. De alguma forma, sempre que peço peixe, recordo-me que não serão sardinhas, no entanto, quando este peixe chegou não poderia ser mais diferente do meu objecto de desejo. Este bicharoco é bem feio, com as escamas a rodearem-lhe a cabeça… 

 

Não me posso queixar do sabor, nas Honduras, como na Nicarágua, fazem sempre o peixe frito, o que para mim não seria a melhor opção, mas estava bem agradável. O Thiago obtou pelos camarões e devo dizer a melhor opção, principalmente quando apenas nos fornecem um garfo de plástico….

Antes e depois da refeição passeamos pela praia e percorremos alguns dos trilhos interiores. A vida é muito simples, com a maioria das pessoas a regressarem da pesca ou a arranjarem as redes.. alguns miúdos aproveitam para jogar futebol na praia ou simplesmente caminharem na brincadeira com os amigos….

A limpar as redes

E enquanto um dos lados da praia está rodeado apenas por casas de pescadores, o outro mais cinzento, contém o betão das empresas de exportação de peixe e mariscos…..

O esgoto, no meio da praia

Não podemos deixar de notar na areia e água a rodear algumas das casas e o que nos informaram é que à duas semanas um pequeno tufão fez levantar toda a areia e as ondas chegaram bem para lá do habitual, deixando ainda presente alguns lagos que impedem o normal acesso a algumas casas….


Nesta terra, recordo-me o ritmo calmo e o reggae do lado do Atlântico na Nicarágua. Aqui nas Honduras temos um cenário semelhante, mas vivido com música espanhola e com a língua Espanhola como pano de fundo… Fui questionada, o porquê de não seguir directamente para Tegucigalpa, que Choluteca pouco tinha para ver. De facto passei pouco tempo em Choluteca, mas tive a oportunidade de espreitar o Golfo e comecei por descobrir uma cidade típica e não turística, que é o que mais agrada quando viajo. Agrada-me bastante a opção tomada e estarei pronta para os ritmos mais frenéticos, amanhã.. Agora ainda disfruto destas duas primeiras experiências…

E enquanto Cedeños foi a descoberta da vila pescatória, Choluteca foi o contraste com a vida citadina de um mercado e muitas lojas de rua, com restaurantes, com comedores, com bilhares, bancos e alguns monumentos…

Cedeños
Está a segurar a parede!!!

Choluteca


Recordo-me que me indicaram que nada tinha para ver Choluteca, mas eu discordo, tem a vida simples do dia-a-dia, dos Hondurenhos. Numa cidade com mais de 150.000 pessoas, sem depender do turismo, aquilo que vemos à venda , que é comercializado, é feito para satisfazer as necessidades dos seus habitantes. Onde podemos disfrutar de um café, gelado, ou doce, feito para agradar os gostos apenas dos locais, que melhor lugar para começar senão numa localidades sem turistas e onde podemos apenas admirar as Honduras no seu dia-a-dia normal?!!?!


Post by Helena


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Choluteca 

1 comentário:

  1. Estou a adorar o vosso roteiro. As palavras inscritas dão vida ao blog e às imagens. Tão reais. Amei Cedeños, adorei o cheiro que conseguiste transmitir, as cores, as gentes.
    Fico à espera de mais partilhas vossas. Força aventureiros.
    António Barra

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